segunda-feira, 13 de agosto de 2012

À deriva

Abrira os olhos para tomar conhecimento das nuvens que se amontoavam sobre sua cabeça, as via, mas não queria enxergar que o inverno se instalara em sua vida e não lá fora.
A estranha fluidez com que o chão se movia sob seu corpo o fazia se sentir desconfortável, percebera enfim que não havia chão, e com a realização chegara o devaneio: não haviam estações, não se tratava de invernos e verões, estava à deriva, seu mundo se resumia em água, sal e medo.
Se perguntou o que faria se não havia o que enxergar, ou ao menos para onde ir.
Decidiu afogar-se em todos os cheiros e sensações que pudesse, fechou os olhos e afundou, embora sem sucesso, o sal amargara sua boca e fazia seus olhos arderem, impunham-lhe a condição e a eterna lembrança de como e onde estava, embora não soubesse como havia parado ali.
Passaram-se horas, dias, anos talvez, quem poderia dizer? Sentia-se mais leve enquanto a água acariciava suas costas, decidiu que mesmo sem saber para onde ir, se esforçaria, iria a algum lugar, mas onde quer que chegasse, sabia, carregaria consigo para sempre as lembranças e o sal do tempo em que apenas flutuava...

2 comentários:

Anônimo disse...

Li todos os seus textos. Ainda não consegui enxergar qual seu estilo de escrita nem sobre o que você escreve. Há momentos em que vc parece contar pequenos acontecimentos da sua vida, coisas que já aconteceram ou coisas que você queria que acontecesse. No meio de tudo isso, tem essas historias aleatórias, que me parecem excertos de um livro/romance ainda não definido. Tudo isso soa muito familiar pra mim, é como se a nossa escrita fosse essa, meio perdida mesmo. É bom, os perdidos se reconhecem as vezes, quem sabe a gente nao encontra alguns hehe
No mais, eu gostei do que li. Quem lhe conhece sabe o quanto esses textos parecem com você e com a forma como você vê as coisas. Pena que a gente não escreve só pros amigos.
Bjo

André Cunha disse...

O intuito de expor esses textos é de, mesmo que numa possibilidade remota, alcançar alguém fora do pequeno contexto em que você se insere, seria um prazer chegar a trocar ideia com você. No mais, obrigado pelas palavras, é importante saber que alguém se interessa, gasta um pouquinho do tempo da sua vida lendo isto aqui.
Obrigado e um abraço, entra em contato se puder :)